terça-feira, 11 de novembro de 2008

Nem tudo que começa bem, termina bem (Parte I)

Essa foi a impressão tive ao ler a história do rei Uzias, um dos principais reis de Judá. Uzias foi um rei que sucedeu a seu pai, Amasias, tendo ascendido ao trono com todo apoio popular quando tinha apenas dezesseis anos de idade. Uzias seguiu os passos de seu pai em fazer não somente o que era reto perante o Senhor, como também o que não era. Senão, vejamos.

Uzias, logo no começo de seu reinado, toma uma decisão extremamente importante e significativa – Ele se propôs a buscar o Senhor. O escritor de 2 Crônicas ainda reitera dizendo que “nos dias em que buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar” (26:5).

Nesse ponto muitos neopentecostais e muitos que preconizam a teologia da prosperidade, costumam cometer algum equívoco. O equívoco está no fato de que, na escala de valores e prioridades, Deus está relegado a um patamar secundário. O foco principal passa a ser a benção e a prosperidade em detrimento de Deus. Aliás, na maioria das vezes, Deus tem se tornado apenas um meio para atingir o alvo principal.

Na experiência de Uzias, a prosperidade foi conseqüência de alguém que se propôs a buscar ao Senhor. O grande problema hoje em dia é que as pessoas se propõem a buscar prioritariamente aquilo que lhes interessam e que satisfaça seus desejos egocêntricos, fazendo de Deus um meio para isso. Nesse caso, Deus passa a ser o “gênio da lâmpada mágica”, alguém que está sempre submisso as ordens e caprichos daqueles que se denominam “filhos do Rei”.

Absurdamente esta realidade tem se tornado extremamente comum. Nisto, cada vez mais se percebe um distanciamento de um padrão de cristianismo que possa fazer diferença em nossa sociedade contemporânea. Portanto, não é de se admirar que o amor de muitos esteja se esfriando, que estejamos experimentando pseudo-avivamento, que vejamos igrejas transbordando de pessoas vazias de Deus.

Vivemos num tempo onde se tem avaliado o nível de espiritualidade das pessoas através do crivo da condição financeira ou das bênçãos alcançadas. Onde estão os apaixonados pelo Senhor? Onde estão os verdadeiros missionários? Aqueles que não se sentem chamados a fazer missão em nações de primeiro mundo, mas que deixam riquezas e honras humanas para anunciar a palavra entre os miseráveis? Onde estão os que verdadeiramente amam ao Senhor e que não estão dispostos a negociar os valores absolutos de Sua Santa Palavra? Onde estão os verdadeiros adoradores que a Ele tributam gloria e honra sem segundas intenções?

Infelizmente muitos que começam bem, estão terminando de forma diferente. Já não se propõem a buscar a Deus como no início. Não se dedicam tanto a oração e ao estudo da Palavra como no começo. Quando se propõem a buscá-lo, o fazem não por quem Ele é, mas por aquilo que Ele lhes pode proporcionar. Deus não tem sido o motivo do prazer e da alegria, mas o meio para alcançá-los.

CONTINUA...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Três Realidades Incontestáveis e Uma Dramática

Nos últimos dias tenho meditado no capitulo seis do livro do profeta Isaías que trata de uma experiência extraordinária vivida por esse profeta. O próprio Isaías descreve os detalhes dessa experiência que ocorre em um momento absolutamente significativo da história de Judá e Jerusalém: “No ano da morte do rei Uzias”, diz o profeta, “eu vi o Senhor assentado num alto e sublime trono.”

Uzias foi um dos principais reis de Judá, tendo reinado por cinqüenta e dois anos em Jerusalém. Durante esse período Uzias tornou-se um rei renomado entre as nações vizinhas em virtude das obras que realizara, do poderio bélico de seu exército, da forma como fortaleceu as atividades agro-pecuárias e da forma estratégica como governava e administrava seu reino.

No ano da morte do renomado rei, Isaias vislumbra três realidades incontestáveis: A primeira é que DEUS É O SENHOR. Enquanto a morte do rei Uzias apontava para a condição humana, pois por mais significativa e realizadora que seja a existência, por mais empreendedora e prospera a nossa vida, esbarramos na nossa finitude. Em nítido contraste está a infinitude e grandeza da Soberania de Deus. Seu reino é sempiterno! Ele está acima de toda ou qualquer regência humana. Ele governa e administra a história dos homens. Deus não perdeu o controle da história, o homem é quem se perdeu na história de Deus.

A segunda realidade incontestável na experiência relatada pelo profeta Isaías é que além de Senhor, DEUS É SANTO. Na visão de Isaías os serafins de rostos e pés cobertos por suas próprias asas, diante da glória de Deus, clamavam uns para os outros, dizendo: “SANTO, SANTO, SANTO É O SENHOR”.

A terceira realidade incontestável é, inevitavelmente, resultado da constatação das duas primeiras: SOMOS PECADORES! Diante da percepção avassaladora da soberania e da santidade de Deus, não se poderia esperar outra atitude de Isaías, senão dizer: “AI DE MIM! ESTOU PERDIDO!

Existe um padrão moral que transcende ao padrão inerente ou próprio de cada ser humano como criatura de Deus. A consciência moral de que somos pecadores pode ser imanente com base nos pressupostos culturais e nos valores desenvolvidos no processo de constituição da subjetividade humana, ou até mesmo pela capacidade dada por Deus de distinguirmos o bem e o mal. Porém, a convicção de que estamos perdidos advém, fundamentalmente, da consciência da santidade divina em contraste com nossa insuficiência para nos purificarmos.

Enfim, saber que ELE É O SENHOR, que ELE É SANTO e que SOMOS PECADORES não é nenhuma novidade. O grande problema é que, por serem realidades tão óbvias, não as levemos tão a sério. É exatamente aí que nos deparamos com uma realidade dramática: ESTAMOS NOS TORNANDO INDIFERENTE A TUDO ISSO.

O autonomismo e o hedonismo do nosso tempo têm diluído a verdade bíblica do senhorio de Cristo. A vivência cristã contemporânea tem deixado de ser Cristocêntrica para torna-se antropocêntrica. Muitos que se denominam “servos de Deus” são na realidade “senhores de Deus” impetrando ordens e decretos àquele que é O SENHOR DOS SENHORES.

O relativismo do nosso tempo também tem dado a sua contribuição no que tange a uma nova configuração dos padrões de vida santa. Novos Paradigmas têm neutralizado valores absolutos das Escrituras tornando cada vez mais difícil fazer a distinção entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não serve. Não nos importamos, nem nos motivamos a ser santo como Ele é SANTO. Também não nos desesperamos mais com o pecado. Sabemos até que somos pecadores, no entanto, não lamentos os nossos pecados. (Aliás, falar sobre pecado tem se tornado um tabu em muitos dos nossos púlpitos – “não é politicamente correto”). Nossos olhos estão áridos, nosso coração empedernido. Não há mais confissão de pecados. Nossos rostos não ficam mais enrubescidos de vergonha.

Quando Isaías clama: ”Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” Ele descreve a atitude de alguém que de fato viu o Senhor com seus próprios olhos, de alguém que teve uma experiência pessoal e insubstituível com o Deus essencialmente Santo.

Isaías tem a nítida noção da incomunicabilidade do pecado com o Deus Santo. A resposta de Deus para a insuficiência do profeta de auto purificar-se estava no altar. O altar aponta para o sacrifício de Cristo, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, aquele que veio buscar e salvar o que estava perdido. A brasa tirada do altar aponta para o seu Espírito que a nós por Ele foi outorgado.
No amor do Pai.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

O Extraordinário, o Ordinário e a Ordem de Deus

A vida nos reserva situações que desafiam a nossa fé e que coloca em xeque nossa confiança na provisão e no cuidado divino.

É absolutamente fácil declarar e expressar nossa confiança em Deus quando tudo nos está favorável, quando nenhuma intempérie da vida está nos afetando.

É fácil, extremamente fácil, como diz a canção do Jota Quest, falarmos palavras de louvor e exaltação a Deus quando não se está vivendo nenhum tipo de restrição e / ou privação. No entanto, somos desafiados a agir e reagir da mesma forma, quando a situação não se configura da maneira como a gente gostaria. São nestes momentos críticos da existência que temos a oportunidade de experimentarmos Sua Providência.

Os milagres e a providência de Deus se manifestam na nossa vida de forma extraordinária, assim como ocorreu com o profeta Elias ao ser alimentado por corvos, junto à torrente de Querite, quando a seca e a escassez de alimentos afetavam o povo de Israel.

Ser alimentado por corvos duas vezes por dia (pela manhã e ao anoitecer) é algo EXTRAORDINÁRIO! Afinal, corvos são aves que se alimentam de outros animais em decomposição, além de serem extremamente egoístas, pois, não dividem seu alimento com outras aves e ainda deixam de alimentar seus próprios filhotes.

Em outra ocasião, quando as águas da torrente do Querite se secaram, Deus o orientou Elias a sair dos termos de Israel e ir para Sarepta, cidade fenícia, onde seria alimentado por uma mulher viúva.

Ser alimentado por corvos é EXTRAORDINÁRIO. Ser alimentado por uma viúva é ORDINÁRIO.

Em ambos os casos, considerando as circunstâncias, Elias experimentou o milagre de Deus. A providência divina se manifestou em sua vida de forma extraordinária, através de algo incomum, por meio de uma ação que transcendia o curso natural das coisas. Por outro lado, Elias também experimenta a providência divina de forma ordinária, através de algo comum, por meio de uma ação humana, essencialmente natural, que está na ordem usual das coisas.

Tanto na forma extraordinária quanto na ordinária percebe-se a providência e a soberania de Deus, justamente no fato de que, nas duas situações, houve a ORDEM de Deus. É Deus quem ordena os corvos e a viúva para que alimentem o seu profeta: “... ordenei aos corvos que ali mesmo te sustentem.” (1RS 17:4) e, ainda: “... ordenei uma mulher viúva que te dê comida.” (1RS 17:9).

O problema é que muitas vezes nossa expectativa se concentra exclusivamente no extraordinário, no sobrenatural e não percebemos os milagres ordinários de Deus em nosso cotidiano.

Às vezes nos apegamos de tal forma às experiências sobrenaturais do passado que nos fechamos aos milagres ordinários de Deus em nossa vida no dia a dia. Assentamos-nos junto à torrente seca do Querite, olhando exclusivamente na direção das nuvens, esperando que a “comida caia do céu”, enquanto Deus está nos mandando caminhar na direção do ordinário.

Quando estamos debaixo da ordem de Deus, Deus ordena o seu milagre extraordinária e/ou ordinariamente. Vivemos o sobrenatural naturalmente e o natural sobrenaturalmente.




quarta-feira, 4 de junho de 2008

A Linha da Vida

Um dia alguém disse que a linha da vida oscila entre altos e baixos, como naqueles aparelhinhos usados nas UTI’S hospitalares. Há momentos que experimentamos circunstâncias eminentemente favoráveis, e outros que nos deparamos com situações completamente distintas.

A verdade é que nessa montanha russa da vida, por vezes, somos surpreendidos por fatos que afetam nossas estruturas e que desafiam nossa capacidade de lidar com os mesmos de forma responsável e equilibrada.

Definitivamente, a vida não é um parque de diversões. Aliás, para muitos a vida tem sido um verdadeiro campo de batalha. Um lugar de conflitos e de insegurança.

Não são poucos os que caminham nessa vida como se estivessem pisando num campo minado, amargando na alma a fatal expectativa de que alguma coisa trágica, a qualquer momento, possa acontecer.

A vida pode não ser uma Disneylândia, um lugar de fantasia e de sonhos perfeitos. No entanto, “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações”.(Sl 46:1)

Esta foi uma afirmação dos filhos de Corá e pode ser a nossa também!

O problema é que, na maioria das vezes, não conseguimos perceber a presença de Deus quando estamos em alguma situação adversa. Achamos que tudo oscila juntamente com as nossas emoções, inclusive, Deus.

Diante das dificuldades, temos uma enorme facilidade de tornar pequena a nossa fé. E, como os filhos de Israel, após acamparem-se em Refidim, onde não havia água para o povo beber, murmuramos e questionamos: “Está o Senhor no meio de nós ou não?” (Ex. 17:7).

Talvez com a intenção de enfatizar uma verdade fácil de ser esquecida, os filhos de Corá repetem no versículo onze do salmo 46, exatamente o que já haviam falado no versículo sete: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”.

Sentindo ou não a sua presença, no monte ou nos vales, na alegria ou na dor, a verdade é que Ele não nos deixa sozinhos. Como diz a canção: “És Deus de perto, e não de longe, nunca mudaste, Tu és Fiel”.

PAZ!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Paradoxo - Uma Reflexão sobre a Alegria e Sofrimento



Nestes últimos dias tenho pensado sobre duas perguntas feitas por Tiago no capitulo cinco de sua epístola.

A primeira pergunta é: “Está alguém entre vós sofrendo?” A segunda pergunta aponta para uma realidade diametralmente oposta a primeira: “Esta alguém alegre?”.

Estas duas perguntas indicam duas realidades antagônicas, mas, que em muitos momentos tornam-se absolutamente entrelaçadas. Sendo percebidas simultaneamente na experiência da comunidade da fé e, paradoxalmente, também na nossa experiência pessoal.

Já ouvi alguém dizer ou li em algum lugar que o ser humano é um ser que goza e sofre, como se gozo e sofrimento fossem realidades inevitáveis à vida de qualquer pessoa.

Sendo assim, as perguntas de Tiago tornam-se vinculadas a respostas aparentemente óbvias. No entanto, acredito que as perguntas feitas por Tiago atingem uma esfera de respostas muito mais abrangente e profunda que as instintivamente dadas por nós.

Acredito que suas perguntas estão mais carregadas de significado que o nosso senso comum possa de forma imediata depreender.

Talvez você, caro leitor, não concorde comigo. Aliás, ficarei feliz se assim for. Pois, quando lia estas perguntas, de forma egoísta, sempre pensava que elas sempre se referiam exclusivamente a mim mesmo. Até então, não havia pensado numa perspectiva comunitária.

Não pensava na hipótese de que, simultaneamente, a minha alegria ou ao meu sofrimento, alguém dentre a comunidade pudesse estar experimentando uma realidade completamente distinta da minha.

Depois de um tempo passei a pensar que talvez Tiago quisesse muito mais que, como dizem os analistas institucionais, avaliar como estava o ambiente institucional e estimular a oração e a fé à comunidade dos santos.

Talvez em meu egocentrismo não tenha entendido a necessidade de aprender a perceber o outro de forma empática. Talvez não tenha compreendido de forma prática o que Paulo falou a respeito do corpo de Cristo, quando disse que se um membro sofre ou é honrado, todos os que fazem parte desse corpo, compartilham do mesmo sentimento.

As perguntas de Tiago podem nos levar a entender, dentre outras coisas evidentes no texto, que somos desafiados, ainda que pareça ou seja realmente paradoxal, a chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Quem és? Um Problema de Identidade.




“Bem sei quem és: O Santo de Deus!”.

Esta foi uma declaração feita por um homem possesso de espírito imundo dentro de uma sinagoga em Cafarnaum, onde Jesus havia entrado para ensinar aos que ali se encontravam.

Conforme relatado em Marcos 1:21-28, aqueles que o ouviam maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade, diferentemente dos escribas. É impressionante como hoje em dia se percebe no cenário evangélico brasileiro uma mudança tão drástica de postura diante da relevância do ensino das escrituras.

Muitos dos que se dizem evangélicos deixaram de maravilharem-se com a Palavra. Note-se o esvaziamento das escolas bíblicas dominicais. O povo da bíblia se transformou no povo da música. Os evangélicos deixaram de ser “os bíblias” para ser “gospel”. Os ministros de louvor se transformaram em artistas gospel, compondo e cantando músicas cheias de heresias. (sem Palavra, não se poderia esperar outra coisa). Os adoradores se transformaram em tietes dos “astros da música gospel”. O povo deixou de ir ao culto pra ouvir a Palavra de Deus, para buscar entretenimento. Deixaram de se maravilhar com a Palavra, com o ensino das Escrituras, para maravilharem-se com as superapresentações musicais.

Quem és? Será que a igreja evangélica brasileira contemporânea possui uma identidade que reflete os princípios da Palavra? Será que o relativismo dessa geração não tem corrompido os fundamentos da sã doutrina? Qual a diferença entre o ensino de Jesus e dos escribas? Ele ensinava com autoridade. Sua autoridade não era posicional, pois não estava atrelada ao status de uma posição diante da sociedade. Sua autoridade estava diretamente relacionada a sua identidade pessoal. Quem Ele era (o Santo de Deus) é que fez toda diferença em seu ensino e no confronto espiritual.

Paulo diz que Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porem santa e sem defeito. (Ef. 5:25-27).

Precisamos voltar a centralidade da Palavra. Voltarmos a ser respeitado como o povo que vive de acordo com a santa Palavra de Deus. Como povo que tem autoridade reconhecida não somente por pregar a Palavra, mas, sobretudo por viver aquilo que prega.

No Amor do Pai.

Cláudio Alvares

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

CÂNCER NA IGREJA BRASILEIRA



Um pastor amigo meu afirmou que o neo-pentecostalismo tem sido um câncer para o corpo de Cristo em nosso país. Infelizmente, diante dos argumentos apresentados por ele, tive que concordar. A quantidade de “apóstolos” que surgem em todo país postulando “novas revelações” é impressionante. Doutrinas espúrias têm sido pregadas, promovendo de forma explícita as mais estranhas e absurdas aberrações comportamentais por parte da igreja.

Infelizmente, o corpo de Cristo tem sido descaracterizado por argumentos e filosofias essencialmente malignas. Os princípios que norteiam a fé e o comportamento não encontram sustentação ou respaldo nas Escrituras Sagradas. São na maioria das vezes fundamentados na experiência e ou nos sentimentos humanos.

O que é pior é fato do câncer ser uma doença silenciosa. Geralmente o tumor se desenvolve no corpo sem que se perceba. Assim também, o povo do Senhor está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento (Os 4:6). Em geral, por isso, o povo do Senhor tem sido incapaz de diagnosticar a presença de tumores malignos em seus organismos, em suas estruturas, em seu arcabouço teológico, cujos sintomas se manifestam em suas liturgias cada vez mais caracterizadas por sincretismos, heresias, apelos humanistas e hedonismo.


O QUE É O CÂNCER?

“Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo Espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas.” (INCA)

Pensando em termos do crescimento de muitos segmentos ditos evangélicos em nosso país, fico um tanto preocupado quanto ao preparo pessoal e teológico dos seus ministros e líderes. Isto porque, a cada dia, tomo conhecimento de uma “nova unção”, de um novo modismo, de uma nova prática litúrgica completamente estranha ao cristianismo bíblico. Tudo isso, ao meu ver, tem proporcionado um crescimento quantitativo, porém, não qualitativo desses seguimentos. E o pior, é que o povo gosta! Por isso, a metástese desse tumor maligno é quase que inevitável.

COMO SURGE O CÂNCER?

De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), “toda a informação genética encontra-se inscrita nos genes, numa 'memória química' - o ácido desoxirribonucleico (DNA). É através do DNA que os cromossomas passam as informações para o funcionamento da célula. Uma célula normal pode sofrer alterações no DNA dos genes. É o que chamamos mutação genética. As células cujo material genético foi alterado passam a receber instruções erradas para as suas atividades. Essas células diferentes são denominadas cancerosas”.

Como corpo de Cristo, temos também o seu DNA cujos cromossomas divino passam informações para o funcionamento das células do corpo. Da mesma forma, heresias nocivas tem promovido mutações genéticas fazendo com estas células recebam instruções erradas para as suas atividades.

O QUE CAUSA O CÂNCER?

“As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas”. (INCA)

Não podemos ser ingênuos quanto a nossa natureza essencialmente pecaminosa. Existe um princípio ativo inerente a cada ser humano que o inclina para o mal. É o que o apóstolo Paulo denominou de concupiscência da carne. Essa forte tendência a violar os princípios divinos coloca o homem sob um estado de depravação total que, inter-relacionadas com ensinos antibíblicos, doutrinas heréticas e filosofias seculares anticristãs, tem exposto o corpo de Cristo ao desenvolvimento de muitas células cancerígenas.

Cabe-nos fazer a seguinte pergunta: Será que a igreja, em seus diversos segmentos, tem se desenvolvido e crescido naquele que é a cabeça, Cristo? (Ef 4:15) Ou será que a mente que a tem regido não é a de Cristo? Esta minha questão não tem como objetivo refutar a idéia de que o Senhor governa sobre tudo, nem tão pouco preconizar um Cristo sem trono. Muito pelo contrário. Cristo está assentado no trono da história e é Ele quem governa sobre tudo. No entanto, em meio a tantas teologias nocivas ao corpo de Cristo, cabe-nos refletir sobre as diretrizes e doutrinas que têm prevalecido atualmente em muitos segmentos ditos evangélicos.

No amor do Pai

Claudio Alvares

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Quanto Custa uma Vida?



Hoje pela manhã assisti uma cena num telejornal que me deixou perplexo. Um homem parou seu carro na Rodovia Castelo Branco, uma das mais movimentadas de São Paulo, contornou e seguiu em alta velocidade por quatro quilômetros pela contra-mão até bater violentamente de frente em um caminhão. O carro ficou completamente destruído e o motorista conseguiu, ao meu ver, atingir o seu objetivo de por fim a própria vida.

Diante dessa tragédia, a primeira coisa que veio a minha mente foi o seguinte questionamento: “Quanto custa uma vida?” Em seguida fiquei indagando comigo mesmo, quais seriam os motivos que haviam levado esse homem a cometer um ato tão terrível e dramático.

Você já parou para pensar no número de pessoas cuja vida perdeu completamente o sentido? Pessoas tão desesperadas e angustiadas que não conseguem enxergar além dos seus problemas. Gente que respira o odor desagradável da morte porque a vida perdeu inteiramente o seu doce sabor, tornando-se amarga e indigesta.

Quantos não são os que estão a nossa volta e, sem que a gente dê conta, estão caminhando a passos largos em direção à morte?

Quanto vale uma vida? Está é uma pergunta que precisa ser feita num tempo onde se discute a legalização do aborto, onde jovens estão morrendo de overdose ou pelo consumo abusivo de drogas sintéticas nas baladas da vida, numa geração onde os valores são essencialmente consumistas em detrimento do individuo, da pessoa, do ser humano.

Vivemos muitas vezes uma religiosidade mórbida, uma pseudo-espiritualidade, pois agimos em muitos momentos como os fariseus, quando valorizamos mais o status quo e ignoramos a vida humana. Estamos muitas vezes mais preocupados em defender e garantir nossos próprios interesses nos escondendo atrás das nossas liturgias e tradições religiosas, que não entendemos o que significa “Misericórdia quero e não holocaustos”. (Mt. 12:7b).

Foi isso que Jesus disse aos fariseus quando estes censuraram os seus discípulos por colherem espigas para se alimentarem em dia de sábado. Em outro momento, quando Jesus estava na sinagoga dos fariseus, estes, com o intuito de acusá-lo perguntaram-lhe se era lícito curar no sábado. Jesus lhes respondeu fazendo outra pergunta: “Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha?”. (Mt. 12:11, 12).

O que Jesus mostra aos fariseus é que eles precisavam aprender a valorizar mais a vida humana do que os próprios bens materiais. Valorizar mais a pessoa que os seus interesses religiosos particulares e ou econômicos. Eles precisavam aprender a despender todo esforço necessário para resgatar o homem do seu estado de cova existencial, afinal seu valor foi estimado no sangue de Cristo, derramado no Calvário.

Será que estamos nos tornando insensíveis às tragédias do nosso cotidiano. Será que estamos nos acostumando a elas? Será que estamos conscientes do preço que foi pago pela nossa salvação? Quanto custa uma vida?

No amor do Pai

Cláudio Alvares

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Tapa Sexo - 4 Cm de Pudor?


Queridos leitores, acredito que todos nós tomamos conhecimento da grande polêmica do carnaval carioca levantada em torno da dúvida se a modelo Viviane Castro estava ou não usando um minúsculo adereço carnavalesco denominado “tapa sexo” ao desfilar na Marques de Sapucaí pela Escola de Samba São Clemente, que acabou sendo punida e rebaixada para o grupo de acesso.

A Escola de Samba da zona sul carioca foi punida em sua pontuação porque os jurados alegaram que o modelo goiana havia desfilado sem o referido adereço ou o mesmo descolara durante o percurso do Sambódromo carioca.

Ao ser entrevistada a modelo afirmou que em nenhum momento esteve sem o ornamento durante o desfile e que, inclusive, teve que ficar dentro de uma banheira com água morna durante pelo menos quarenta minutos para que a minúscula peça de apenas quatro cm de espessura se descolasse após o desfile.

O que me deixou intrigado nessa história foi a polêmica criada em torno da dúvida se ela estava ou não totalmente pelada. Algumas pessoas foram entrevistadas sobre o assunto e as opiniões ficaram muito divididas. Muitos acharam um grande absurdo e uma grande ofensa a moral o fato de a modelo ter desfilado com a genitália desnuda. Se ela estava de fato usando o adereço, parece que não fez diferença alguma.

Sinceramente, você acha que quatro cm de espessura fariam alguma diferença? Parece que a sociedade perde totalmente a noção de pudor durante os dias de reinado de momo. As próprias propagandas veiculadas na TV sobre o uso de camisinhas durante o período de carnaval refletem essa realidade. Aliás, assistir televisão com a família durante esse período é definitivamente desaconselhável.

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa pudor é sentimento de vergonha, de mal-estar, gerado pelo que pode ferir a decência, a honestidade ou a modéstia. Parece que cada ano que passa a sociedade vai estreitando cada vez mais a noção, o bom senso, a fronteira entre o que é moral e imoral, entre o que agride ou fere o padrão da decência e do bom costume. No caso do modelo goiana, quatro cm a colocaram entre o céu e o inferno.

Será que nós também não temos nos enganado com esse mesmo princípio do tapa sexo em outras esferas da vida? Será que no nosso dia a dia não estamos preocupados com a formiguinha enquanto um elefante passa despercebido? Não seria essa a atitude de muitos dos nossos ilustres parlamentares que querem atrair nossos olhos para gastos dos cartões corporativos do governo enquanto cifras muito maiores são desviadas dos cofres públicos?

Ou não será, também, que muitas vezes a religiosidade que expressamos não é uma tentativa de encobrir nossas “vergonhas” (nossas falhas e pecados) nos iludindo quanto a uma espiritualidade sadia e autêntica para com Deus? Será que não se tem usado folhas de figueiras como vestimentas tal como fizeram Adão e Eva no Jardim do Édem, após terem comido do fruto proibido, na tentativa de encobrirem sua nudez?

O Senhor Jesus disse que “se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt. 5:20)

A nossa justiça não passa de quatro cm! Ela é insuficiente para cobrir a nossa nudez diante de Deus. Ainda que ela produza uma momentânea sensação de alívio a nossa consciência diante de Deus, sempre permanecerá a incerteza e a dúvida. Há muita gente que tem se iludido com quatro cm de religiosidade e tem perdido o senso de pudor diante de Deus. Perderam a noção de pecado pelo relativismo dessa geração e já não conseguem discernir que estão a ponto de serem vomitadas da boca do senhor. (Ap. 3:16)

Que Senhor tenha misericórdia do seu povo!

No amor do Pai,

Cláudio Alvares

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Comunidade Solitária

Essa nossa geração tem sido marcada pelo individualismo e pela solidão. Cada vez mais pessoas desenvolvem um estilo de vida solitário, não obstante vivam em grandes metrópoles e estejam cercadas por uma grande multidão.

Não sei se você, caro leitor, já percebeu a enorme contradição que caracteriza a maioria dos condomínios residenciais, sejam estes compostos de casas ou de apartamentos. Parece que esta busca, mais que justificável, por segurança e por melhor aproveitamento dos espaços urbanos tem isolado cada vez mais as pessoas.

O primeiro fator que aponta para esse isolamento social é o próprio nome: “Condomínio Fechado”. Aliás, as pessoas têm se tornado cada vez mais fechadas em seus próprios mundos vivendo um “Big Brother” permanente, vigiando e sendo vigiadas vinte e quatro horas por dia pelas lentes incansáveis das câmeras de segurança.

Hoje em dia é muito raro você ver famílias sentadas na varanda ou na calçada de suas casas, com suas portas e janelas abertas proseando nas noites quentes de verão. É claro que em tempos de violência e de insegurança esta realidade tem se tornado cada vez mais escassa. O que é uma pena!

As pessoas estão dentro do mesmo muro, porém trancadas em seus próprios terrenos ou apartamentos. Quantas vezes no ano que passou você cruzou com seu vizinho e trocou com ele mais do que aquelas palavras, quase que obrigatórias, como “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”? As pessoas, normalmente, chegam e saem em seus automóveis (alguns deles blindados) com suas janelas fechadas e revestidas por películas que ocultam o interior do veículo.

Aliás, parece que as pessoas, hoje em dia, estão vivendo com essas películas usadas nos vidros dos automóveis. O máximo que se consegue enxergar do seu interior é o mínimo que se é permitido conhecer. O interessante é que esta realidade tem refletido muito no comportamento das pessoas, que cada vez menos se envolvem em relacionamentos profundos. A “ficação” é um evidente sintoma desta realidade.

As pessoas estão buscando intimidade, mas sem envolvimento. A contabilidade dos “ficantes” (número de bocas beijadas, não de pessoas) nas baladas da vida aponta para esta necessidade universal da humanidade. Afinal, “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18).

Numa era de avanços incríveis das tecnologias de comunicação com celulares de terceira geração, notebooks e Internet as relações são cada vez menos presenciais e cada vez mais virtuais. Os chats ou salas de bate-papos virtuais são amplamente utilizados e os encontros pessoais, conseqüentemente, desprezados.

O homem está cada vez mais só, imerso numa multidão de solitários. Acredito que esta solidão existencial, além de ser reflexo do isolamento social, característico da pós-modernidade, é fundamentalmente também, resultado de um estado de alienação do homem em relação ao seu Criador. Segundo John Stott, o ser humano possui três aspirações fundamentais, que são: busca por transcendência, que aponta para a tentativa de encontrar a Deus; a busca por significado, que é a tentativa de encontrar a si mesmo; e a busca por comunhão ou comunidade, que é a tentativa de encontrar o próximo.

A realização dessa tríplice busca é o que pode tornar a vida mais plena e realizada. A partir de um relacionamento profundo com o Pai nós encontramos sentido pra nossa própria existência e entendemos que a mesma não pode ser desenvolvida isoladamente. A espiritualidade cristã não se desenvolve unilateralmente. O cristianismo bíblico se desenvolve em comunidade. Você faz parte de uma? Uma das características principais da comunidade cristã primitiva era que ela perseverava na comunhão. (Atos 2:42)

E você, tem perseverado em relacionamentos profundos? Tem lutado contra o individualismo dessa geração? Tem derrubado os muros da indiferença e do isolamento pessoal do seu coração? Tem destrancado as portas da sua alma e aberto as janelas para novos relacionamentos fraternos?
No amor do Pai,
Claudio Alvares

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A Vida e a Morte: Duas Realidades e uma Certeza

A vida nos reserva surpresas e acontecimentos nem sempre agradáveis. Poucas não são às vezes em que chegam até nós notícias que abalam nossas emoções e que nos deixam com a aquela sensação de que de fato a vida não está nas nossas mãos.

No último domingo, por exemplo, depois que um bebê recém nascido foi apresentado a Deus na igreja, oramos pedindo o consolo da parte do Espírito Santo para uma família que estava vivendo uma grande tragédia, em virtude do falecimento de uma jovem de vinte e dois anos de idade que havia sofrido um acidente gravíssimo de automóvel juntamente com sua mãe, que ainda hospitalizada em estado grave, não pôde participar do funeral de sua filha.

Dois casos distintos que ocorreram ao mesmo tempo. De um lado, uma família profundamente feliz com a chegada de um bebê, do outro lado, uma família explicitamente consternada pela inesperada perda de um ente querido. Assim é a vida! Por mais cuidadosa e organizada que seja uma pessoa a verdade bíblica é de que ela não pode acrescentar uma hora que seja à sua vida. (Mt 6:27 NVI). A vida e a morte, duas realidades e uma certeza: nós não somos absolutamente nada!

Nossa vida e a de qualquer ser vivo está debaixo da soberana vontade de Deus. É ele quem determina a vida e a morte. Essa verdade deveria fazer com que descêssemos dos nossos pedestais de soberba, orgulho e altivez, levando-nos a compreensão de que Deus não se deixa manipular pelos nossos sentimentos ou argumentos egocêntricos muitas vezes carregados, sutilmente, de arrogância e hipocrisia, camuflados por expressões de mera religiosidade.

Outro dia estava ouvindo a notícia de que uma mulher que acompanhava seu marido que estava hospitalizado em estado muito grave de saúde, correndo, inclusive, risco de morte, havia saído por um instante da enfermaria onde se encontrava seu marido para fumar um cigarro. Nesse exato momento ela foi atingida por uma bala perdida, vindo a falecer antes mesmo que seu marido, que talvez ainda continue vivendo por muito tempo.

Este fato é um exemplo de que a vida e a morte não estão subordinadas as nossas agendas. Deus é Senhor absoluto tanto da vida quanto da morte. Quem é que pode dizer: “‘Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro’. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a vossa vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: ‘Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo.’ ” (Tg 4:13-15)

No amor do Pai,

Cláudio Alvares

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Amor e Ódio



Certo dia, li a seguinte frase de um filósofo: “temo mais o amor de uma mulher que o ódio de muitos homens”.

Fiquei pensando nessa frase e relacionei com outra que já ouvi de algum estudioso do comportamento humano que diz que existe uma linha divisória muito tênue entre amor e ódio. Ainda que, obviamente, eu não concorde integralmente com essa idéia, ela não é absurda, tendo em vista nossa natureza ambígua e paradoxal.

Somos, como diz John Stott, um misto de glória e vergonha. Fomos criados a imagem e semelhança de Deus e, conservamos em virtude disso, muitas características positivas que nos reportam a natureza divina. No entanto, o outro lado da moeda reflete um estado de depravação total como conseqüência evidente do pecado original.

Somos capazes de nos apaixonar e elaborar ou compor músicas, poesias e declarações que exprimem essa nossa capacidade de amar e, ao mesmo tempo, de manifestarmos atitudes egocêntricas em relação ao mesmo objeto de nosso amor.

O Apostolo Paulo faz a seguinte definição sobre o verdadeiro amor: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13:4-7)

Por sua vez, a definição que se encontra no dicionário da língua portuguesa sobre o ódio é a seguinte: “s.m. Sentimento de profunda inimizade; paixão que conduz ao mal que se faz ou se deseja a outrem. / Ira contida; rancor violento e duradouro. / Viva repugnância, repulsão, horror./Aversão instintiva, antipatia. / Ódio mortal ou ódio figadal, o que é muito intenso e leva uma pessoa a desejar a morte de outra".

O que Paulo ensina nessa passagem de 1 Co 13 é que a maturidade está relacionada a esse padrão de amor. Ele continua dizendo: “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino”.(1 Co 13:11)

É muito triste observarmos que nem sempre o tempo ou a idade que se avançam nos conduz automaticamente a esse padrão de existência. Nos agarramos egoisticamente aos nossos sentimentos e orgulho feridos como meninos que não querem largar a chupeta.

Paulo também nos adverte da seguinte forma: “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livre-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo”.(Ef. 4:30-32).

O ódio, portanto, não condiz com o padrão cristão de existência. Aliás, o padrão cristão é definitivamente alto e absolutamente difícil (não impossível). Ainda que não seja fácil amar nossos inimigos e orar por aqueles que nos perseguem, não há outro caminho a percorrer. Portanto, decidamos obedecer à sua Palavra e Ele, certamente, nos ajudará em nossas fraquezas. Pois, como diz o Apostolo João: “... se alguém obedece à sua Palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado”. (1 Jo 2:5)

No amor do Pai.



terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Preconceito


Você já percebeu o quanto esta palavra está em voga? Em todos os meios de comunicação tomamos conhecimento quase que diariamente sobre pelo menos um caso onde alguém foi ou se sente vítima de preconceito. Associadas a esta palavra estão também outras, tais como homofobia, transfobia, xenofobia, sexismo, etnocentrismo, racismo etc. Todas estas, de alguma forma, representam uma situação onde o preconceito se apresenta de forma nítida ou implícita.

No entanto, tenho me surpreendido em como esta palavra tem sido usada por qualquer motivo e de forma indiscriminada (“tudo é preconceito”), tornando-se absolutamente aversiva aos sujeitos “politicamente corretos”, aqueles que querem estar de bem com tudo e com todos.

Mais impressionante ainda é o fato de que valores morais deixam de ser defendidos e preservados em nome de uma postura antipreconceituosa, sem levar em consideração a deterioração da família e da própria sociedade.

Vivemos numa época de quebra de paradigmas onde conceitos, valores e padrões indispensáveis à saúde familiar e social são vistos como tabus a serem quebrados. Pecado, então, é uma palavra absolutamente repudiada e, infelizmente, também cada vez mais esquecida nos púlpitos eclesiásticos.

No último final de semana assisti ao programa “Altas Horas” que tinha como um dos convidados a ex-garota de programas Bruna Surfistinha. Alguém da platéia perguntou-lhe que se ela tivesse uma filha e esta quisesse tornar-se garota de programas se permitiria. A sua resposta foi que ela não gostaria, mas se a filha se sentisse feliz não se oporia. Depois de ser aplaudida e elogiada pela coragem de se apresentar publicamente como garota de programas, alguém que não me lembro, ainda afirmou que a prostituição é vista por muitos com preconceito. Ora, sinceramente, não sei onde vamos parar.

O relativismo deste século tem sido um câncer ao corpo de Cristo. A “casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade” (1 Tm 3:15), não pode abrir mão do seu papel de ser luz e sal. Para ser contemporânea e não ser classificada como retrógrada diante das transformações sociais e culturais a igreja não necessita negociar ou abrir mão dos seus princípios e fundamentos.



No amor do Pai.