quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A Vida e a Morte: Duas Realidades e uma Certeza

A vida nos reserva surpresas e acontecimentos nem sempre agradáveis. Poucas não são às vezes em que chegam até nós notícias que abalam nossas emoções e que nos deixam com a aquela sensação de que de fato a vida não está nas nossas mãos.

No último domingo, por exemplo, depois que um bebê recém nascido foi apresentado a Deus na igreja, oramos pedindo o consolo da parte do Espírito Santo para uma família que estava vivendo uma grande tragédia, em virtude do falecimento de uma jovem de vinte e dois anos de idade que havia sofrido um acidente gravíssimo de automóvel juntamente com sua mãe, que ainda hospitalizada em estado grave, não pôde participar do funeral de sua filha.

Dois casos distintos que ocorreram ao mesmo tempo. De um lado, uma família profundamente feliz com a chegada de um bebê, do outro lado, uma família explicitamente consternada pela inesperada perda de um ente querido. Assim é a vida! Por mais cuidadosa e organizada que seja uma pessoa a verdade bíblica é de que ela não pode acrescentar uma hora que seja à sua vida. (Mt 6:27 NVI). A vida e a morte, duas realidades e uma certeza: nós não somos absolutamente nada!

Nossa vida e a de qualquer ser vivo está debaixo da soberana vontade de Deus. É ele quem determina a vida e a morte. Essa verdade deveria fazer com que descêssemos dos nossos pedestais de soberba, orgulho e altivez, levando-nos a compreensão de que Deus não se deixa manipular pelos nossos sentimentos ou argumentos egocêntricos muitas vezes carregados, sutilmente, de arrogância e hipocrisia, camuflados por expressões de mera religiosidade.

Outro dia estava ouvindo a notícia de que uma mulher que acompanhava seu marido que estava hospitalizado em estado muito grave de saúde, correndo, inclusive, risco de morte, havia saído por um instante da enfermaria onde se encontrava seu marido para fumar um cigarro. Nesse exato momento ela foi atingida por uma bala perdida, vindo a falecer antes mesmo que seu marido, que talvez ainda continue vivendo por muito tempo.

Este fato é um exemplo de que a vida e a morte não estão subordinadas as nossas agendas. Deus é Senhor absoluto tanto da vida quanto da morte. Quem é que pode dizer: “‘Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro’. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a vossa vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: ‘Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo.’ ” (Tg 4:13-15)

No amor do Pai,

Cláudio Alvares

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Amor e Ódio



Certo dia, li a seguinte frase de um filósofo: “temo mais o amor de uma mulher que o ódio de muitos homens”.

Fiquei pensando nessa frase e relacionei com outra que já ouvi de algum estudioso do comportamento humano que diz que existe uma linha divisória muito tênue entre amor e ódio. Ainda que, obviamente, eu não concorde integralmente com essa idéia, ela não é absurda, tendo em vista nossa natureza ambígua e paradoxal.

Somos, como diz John Stott, um misto de glória e vergonha. Fomos criados a imagem e semelhança de Deus e, conservamos em virtude disso, muitas características positivas que nos reportam a natureza divina. No entanto, o outro lado da moeda reflete um estado de depravação total como conseqüência evidente do pecado original.

Somos capazes de nos apaixonar e elaborar ou compor músicas, poesias e declarações que exprimem essa nossa capacidade de amar e, ao mesmo tempo, de manifestarmos atitudes egocêntricas em relação ao mesmo objeto de nosso amor.

O Apostolo Paulo faz a seguinte definição sobre o verdadeiro amor: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13:4-7)

Por sua vez, a definição que se encontra no dicionário da língua portuguesa sobre o ódio é a seguinte: “s.m. Sentimento de profunda inimizade; paixão que conduz ao mal que se faz ou se deseja a outrem. / Ira contida; rancor violento e duradouro. / Viva repugnância, repulsão, horror./Aversão instintiva, antipatia. / Ódio mortal ou ódio figadal, o que é muito intenso e leva uma pessoa a desejar a morte de outra".

O que Paulo ensina nessa passagem de 1 Co 13 é que a maturidade está relacionada a esse padrão de amor. Ele continua dizendo: “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino”.(1 Co 13:11)

É muito triste observarmos que nem sempre o tempo ou a idade que se avançam nos conduz automaticamente a esse padrão de existência. Nos agarramos egoisticamente aos nossos sentimentos e orgulho feridos como meninos que não querem largar a chupeta.

Paulo também nos adverte da seguinte forma: “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livre-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo”.(Ef. 4:30-32).

O ódio, portanto, não condiz com o padrão cristão de existência. Aliás, o padrão cristão é definitivamente alto e absolutamente difícil (não impossível). Ainda que não seja fácil amar nossos inimigos e orar por aqueles que nos perseguem, não há outro caminho a percorrer. Portanto, decidamos obedecer à sua Palavra e Ele, certamente, nos ajudará em nossas fraquezas. Pois, como diz o Apostolo João: “... se alguém obedece à sua Palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado”. (1 Jo 2:5)

No amor do Pai.



terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Preconceito


Você já percebeu o quanto esta palavra está em voga? Em todos os meios de comunicação tomamos conhecimento quase que diariamente sobre pelo menos um caso onde alguém foi ou se sente vítima de preconceito. Associadas a esta palavra estão também outras, tais como homofobia, transfobia, xenofobia, sexismo, etnocentrismo, racismo etc. Todas estas, de alguma forma, representam uma situação onde o preconceito se apresenta de forma nítida ou implícita.

No entanto, tenho me surpreendido em como esta palavra tem sido usada por qualquer motivo e de forma indiscriminada (“tudo é preconceito”), tornando-se absolutamente aversiva aos sujeitos “politicamente corretos”, aqueles que querem estar de bem com tudo e com todos.

Mais impressionante ainda é o fato de que valores morais deixam de ser defendidos e preservados em nome de uma postura antipreconceituosa, sem levar em consideração a deterioração da família e da própria sociedade.

Vivemos numa época de quebra de paradigmas onde conceitos, valores e padrões indispensáveis à saúde familiar e social são vistos como tabus a serem quebrados. Pecado, então, é uma palavra absolutamente repudiada e, infelizmente, também cada vez mais esquecida nos púlpitos eclesiásticos.

No último final de semana assisti ao programa “Altas Horas” que tinha como um dos convidados a ex-garota de programas Bruna Surfistinha. Alguém da platéia perguntou-lhe que se ela tivesse uma filha e esta quisesse tornar-se garota de programas se permitiria. A sua resposta foi que ela não gostaria, mas se a filha se sentisse feliz não se oporia. Depois de ser aplaudida e elogiada pela coragem de se apresentar publicamente como garota de programas, alguém que não me lembro, ainda afirmou que a prostituição é vista por muitos com preconceito. Ora, sinceramente, não sei onde vamos parar.

O relativismo deste século tem sido um câncer ao corpo de Cristo. A “casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade” (1 Tm 3:15), não pode abrir mão do seu papel de ser luz e sal. Para ser contemporânea e não ser classificada como retrógrada diante das transformações sociais e culturais a igreja não necessita negociar ou abrir mão dos seus princípios e fundamentos.



No amor do Pai.