quinta-feira, 29 de maio de 2008

Paradoxo - Uma Reflexão sobre a Alegria e Sofrimento



Nestes últimos dias tenho pensado sobre duas perguntas feitas por Tiago no capitulo cinco de sua epístola.

A primeira pergunta é: “Está alguém entre vós sofrendo?” A segunda pergunta aponta para uma realidade diametralmente oposta a primeira: “Esta alguém alegre?”.

Estas duas perguntas indicam duas realidades antagônicas, mas, que em muitos momentos tornam-se absolutamente entrelaçadas. Sendo percebidas simultaneamente na experiência da comunidade da fé e, paradoxalmente, também na nossa experiência pessoal.

Já ouvi alguém dizer ou li em algum lugar que o ser humano é um ser que goza e sofre, como se gozo e sofrimento fossem realidades inevitáveis à vida de qualquer pessoa.

Sendo assim, as perguntas de Tiago tornam-se vinculadas a respostas aparentemente óbvias. No entanto, acredito que as perguntas feitas por Tiago atingem uma esfera de respostas muito mais abrangente e profunda que as instintivamente dadas por nós.

Acredito que suas perguntas estão mais carregadas de significado que o nosso senso comum possa de forma imediata depreender.

Talvez você, caro leitor, não concorde comigo. Aliás, ficarei feliz se assim for. Pois, quando lia estas perguntas, de forma egoísta, sempre pensava que elas sempre se referiam exclusivamente a mim mesmo. Até então, não havia pensado numa perspectiva comunitária.

Não pensava na hipótese de que, simultaneamente, a minha alegria ou ao meu sofrimento, alguém dentre a comunidade pudesse estar experimentando uma realidade completamente distinta da minha.

Depois de um tempo passei a pensar que talvez Tiago quisesse muito mais que, como dizem os analistas institucionais, avaliar como estava o ambiente institucional e estimular a oração e a fé à comunidade dos santos.

Talvez em meu egocentrismo não tenha entendido a necessidade de aprender a perceber o outro de forma empática. Talvez não tenha compreendido de forma prática o que Paulo falou a respeito do corpo de Cristo, quando disse que se um membro sofre ou é honrado, todos os que fazem parte desse corpo, compartilham do mesmo sentimento.

As perguntas de Tiago podem nos levar a entender, dentre outras coisas evidentes no texto, que somos desafiados, ainda que pareça ou seja realmente paradoxal, a chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Quem és? Um Problema de Identidade.




“Bem sei quem és: O Santo de Deus!”.

Esta foi uma declaração feita por um homem possesso de espírito imundo dentro de uma sinagoga em Cafarnaum, onde Jesus havia entrado para ensinar aos que ali se encontravam.

Conforme relatado em Marcos 1:21-28, aqueles que o ouviam maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade, diferentemente dos escribas. É impressionante como hoje em dia se percebe no cenário evangélico brasileiro uma mudança tão drástica de postura diante da relevância do ensino das escrituras.

Muitos dos que se dizem evangélicos deixaram de maravilharem-se com a Palavra. Note-se o esvaziamento das escolas bíblicas dominicais. O povo da bíblia se transformou no povo da música. Os evangélicos deixaram de ser “os bíblias” para ser “gospel”. Os ministros de louvor se transformaram em artistas gospel, compondo e cantando músicas cheias de heresias. (sem Palavra, não se poderia esperar outra coisa). Os adoradores se transformaram em tietes dos “astros da música gospel”. O povo deixou de ir ao culto pra ouvir a Palavra de Deus, para buscar entretenimento. Deixaram de se maravilhar com a Palavra, com o ensino das Escrituras, para maravilharem-se com as superapresentações musicais.

Quem és? Será que a igreja evangélica brasileira contemporânea possui uma identidade que reflete os princípios da Palavra? Será que o relativismo dessa geração não tem corrompido os fundamentos da sã doutrina? Qual a diferença entre o ensino de Jesus e dos escribas? Ele ensinava com autoridade. Sua autoridade não era posicional, pois não estava atrelada ao status de uma posição diante da sociedade. Sua autoridade estava diretamente relacionada a sua identidade pessoal. Quem Ele era (o Santo de Deus) é que fez toda diferença em seu ensino e no confronto espiritual.

Paulo diz que Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porem santa e sem defeito. (Ef. 5:25-27).

Precisamos voltar a centralidade da Palavra. Voltarmos a ser respeitado como o povo que vive de acordo com a santa Palavra de Deus. Como povo que tem autoridade reconhecida não somente por pregar a Palavra, mas, sobretudo por viver aquilo que prega.

No Amor do Pai.

Cláudio Alvares