Aliás, em nosso país basta o sujeito aprender a escrever e ler o seu próprio nome e a soletrar algumas palavras para deixar de influenciar o índice de analfabetismo brasileiro. Com isso, a quantidade de pessoas que lêem sem entender o sentido do texto é inumerável.
A impressão que tenho é que ao mesmo tempo em que há pouco interesse do povo pela cultura e pelo conhecimento, há também pouco incentivo e quase nenhum investimento substancial por parte do governo. Vide, portanto, o quadro tão lastimável que se encontra a educação pública no Brasil no que diz respeito ao ensino fundamental. Os planos assistenciais do governo como bolsa família e bolsa escola não são suficientes para resolverem problemas estruturais da educação. Professores com remuneração miserável e alunos sem aula há meses são realidades que ainda persistem e que nos apresentam prognósticos nada favoráveis à educação nesse país.
Voltando ao que estava dizendo, após ele ter lido a história da cura da sogra de Pedro passei, então, a fazer-lhe algumas perguntas sobre o texto:
- Meu filho, quem era esta mulher que Jesus curou?
Imediatamente ele respondeu-me com muita naturalidade:
- Papai, ela era uma estilista!
Arregalei meus olhos e disse:
- O quê!!?
- É, papai, ESTILISTA! Disse ele com tamanha convicção.
- Mas, de onde você tirou isso, meu filho?
- Do texto, papai. Respondeu-me sem entender bem o meu espanto.
Sem acreditar no que estava ouvindo pedi que me mostrasse onde estava escrita no texto essa “nova revelação”.
Ele me disse:
- Aqui diz, papai, que depois que ela foi curada por Jesus ela passou a “vesti-lo”.
- Não é possível! Deixe-me dar uma olhada! Interferi mais uma vez bem assustado.
Para minha surpresa e alívio o que meu filho estava fazendo era mudando a palavra “servi-lo” por “vesti-lo”.
Demos muitas gargalhadas e até hoje me pego rindo sozinho ao lembrar-me desse fato. Fico também pensando em quantas heresias não surgem por interpretações errôneas que são feitas nas melhores das intenções.
O Senhor Jesus disse aos saduceus: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”.