segunda-feira, 17 de setembro de 2007

"Quem cala consente"

Fiquei encasquetando esse ditado popular nesses últimos dias que sucederam a absolvição do pedido de cassação do mandato de senador da República Federativa do Brasil, do senhor Renan Calheiros, acusado de quebra de decoro parlamentar por ter recibo de lobistas dinheiro para custear suas despesas pessoais, dentre outras acusações que ainda irão a julgamento.
Confesso que, como a maioria dos brasileiros bem informados, estou muito inquieto e estarrecido com tanta impunidade que se propaga nesse país.
O centro político do país transformou-se em uma grande pizzaria e o cheiro de pizza exalado de Brasília tem embrulhado o estomago de muitos brasileiros que já não mais conseguem digerir tanta falcatrua, corrupção e desvios do dinheiro público.
Infelizmente a absolvição do senhor Renan Calheiros condena o Senado Federal a um status de vergonha internacional, ratifica a tolerância com a injustiça e perpetua o senso de que representantes eleitos pelo povo defendem apenas seus próprios interesses.
Onde está a nossa voz? Por que nos calamos? Fecharam as portas do Senado para que o clamor das ruas não gerasse comichões nos ouvidos daqueles que se fizeram surdos à voz popular.
Por que homens públicos decidem de forma privada e secreta assuntos que interessam aqueles a quem representam? Por que os empregadores (contribuintes, pagadores de inúmeros impostos) não podem saber o que fazem seus funcionários? Por que nos calamos diante de tanta arrogância e descaso para com os interesses do povo?
Penso que se não reagimos diante de tantas coisas erradas feitas abertamente por políticos inescrupulosos, como reagiremos diante das articulações e tramas secretas? A verdade é que ficamos mudos diante de tantos “caras de pau”. Eles fingem que são honestos e nós fingimos que está tudo bem. Consentimos com a roubalheira, com a hipocrisia e com a miséria de um país com recursos inestimáveis.
Precisamos pedir perdão a Deus por sermos coniventes com tanta injustiça e supressão dos direitos constitucionais desse país. Nossas mãos estão sujas de sangue por cada criança ou individuo que morre nos corredores dos hospitais públicos por falta de recursos que foram desviados por aqueles que metem suas garras afiadas nos cofres do Estado.
Onde está a nossa voz? Não se deixe calar! Pois, quem cala consente.

Cláudio Alvares

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