Niterói está com uma ferida aberta que exala o mau cheiro de um tumor maligno que se desenvolveu silenciosamente durante anos de negligencia e indiferença. O rótulo de ser a quarta cidade brasileira em qualidade de vida vinha encobrindo e mascarando uma dramática realidade que hoje a todos nós tem assolado.
Niterói é hoje uma terra que está sangrando chorume. Uma terra rasgada de dentro pra fora.
Sob o solo do Bumba, uma bomba relógio detonada sem hora marcada, explodindo sonhos de vidas marcadas pela vida, apagando histórias, revolvendo a terra numa avalanche de dor, sofrimento e morte. Pânico, gritos e prantos irrompem-se no meio da noite e logo se interrompem dando lugar ao silêncio, ao vazio, ao espanto.
É verdade que há muito tempo não caía tanta chuva assim, porem atribuir aos fenômenos naturais, exclusiva responsabilidade pelas tragédias ocorridas em quase toda região metropolitana do Rio de Janeiro é mero artifício de políticos que maquiam as cidades com obras faraônicas, que constroem “caminhos” para a burguesia e pavimentam estradas que levam a morte uma população carente e sofrida. Políticos que assentados em seus gabinetes reais, se anestesiam a dor do mais pobre, fazem-se surdos e indiferentes ao clamor que ecoa da periferia.
A tragédia ocorrida no morro do Bumba, na cidade de Niterói, deixa exposta não somente uma ferida social, mas traz à tona a forma como a população menos favorecida vem sendo tratada ao longo de anos pelos maus políticos desse país: Como escória da sociedade, como lixo não reciclável enterrados nas periferias das cidades, encerrados na imobilidade social, a margem da dignidade.
O morro do Bumba, como tantas outras áreas carentes do nosso Estado, deixa evidente o contraste social, o desequilíbrio da distribuição das riquezas desse país e a certeza de que ainda que o Brasil ostente uma das maiores cargas tributária do mundo, não há retorno suficiente de benefícios sociais para a maioria de sua gente.
O morro do Bumba expõe ao mundo uma realidade que não se pode esconder debaixo da terra: gente tratada como lixo, aterradas sob os escombros da indignidade; gente que tragicamente foi plantada como semente de esperança para que no amanhã possa florescer a JUSTIÇA.
7 comentários:
Olá pastor Claudio,
é um prazer,acredito que para todos nós,termos essa oportunidade de expor em seu blog os nossos pensamentos como cristão e de acordo com o texto, morador de Niterói.
Aí está a consequência da mentira, do jogo de poder e da maquiagem.A mentira aponta para a propaganda enganosa de que somos a quarta cidade em qualidade de vida.como um povo daquele,por exemplo, o pessoal do Bumba e Cia vão estar em situação de conforto como moradores de uma cidade que vende a imagem de estar entre as dez melhores cidades do Brasil?Tendo o então título de quarto lugar?O jogo do poder vai apontar para que a culpa fique sobre a responasabilidade do governo anterior.A maquiagem vai em direção ao superficial,olhem para o que estava por debaixo das casas.Desde Valdenir Bragança até o Jorge , passsando pelo João,Godofredo e chegando novamente no Jorge e não foi poucas vezes que o Silveira foi prefeito.O ministério público deve mostar, neste momento, o porquê de sua ciração,afim de que como o senhor mesmo menciona no texto,buscar a Justiça,até porque nenhum preço paga a vida das pessoas.Só Aquele pagou um alto preço por Nós,Jesus Cristo!
Eu nascí e crescí em "comunidade" e sempre tive curiosidade em saber como era a vida em comunidades de outras cidades. Sim, por que se nós somos ou fazemos parte do "topo" dessa escala, como seriam os pióres ou os do fim da fila?
Hoje desconfio que nada pode ser piór que isso, a diferêça é que existe uma camuflagem muito bem feita que ingana até quem mora aquí.
E, como tem dito o pr. Renato, compramos ou erdamos gato por lebre.
A má distribuição de renda, o poder de posse vem de uma situação histórica desde o descobrimento do Brasil onde na libertação dos escravos os mesmos foram lançados ao vento, e ai já começaram as favelas, porém hoje soma-se a indiferença e desinteresse dos politicos com os descuidos da população, porque muita gente que morava naquele local sabia do lixão, e por outro lado contra a força não há resistencia pois temos que lembrar que tragédias da natureza estão acontecendo mundo afora, em cada lugar com suas caracteristicas devido ao seu clima e geografia.
O povo brasileiro é relapso e bagunceiro : Administro aulas de Judô-Jiu-jitsu numa escola no Badú em Pendotiba, em frente passa um valão e ontem observei a quantidade de garrafas pet lançadas neste valão e conversamos sobre isso com quem estava presente, o povo é mal educado e porco, pois na 1ª e pequena chuva que vier não haverá vazão para as águas causando alagamento na via, porque é muito fácil criticar os administradores federais, estaduais e municipais mas somar para a melhora de sua comunidade ?
Soube que no colégio Leopoldo Fróes onde estão vários desabrigados, ninguém quiz ajudar nas tarefas de limpeza a ai o diretor Sr. Carlos Alexandre pôs a mão nas ferramentas e ajudou a limpar banheiros, ví ontem um relato na TV onde uma voluntária disse a seguinte frase: " Eles querem comer, mas ninguém quer ir para a cozinha ", gente temos que ser solidários mas alguns tem que levar uma palmada para ver se acordam para a vida," Quem planta colhe", " Ação e reação ".
Vote melhor na próxima eleição e também puxe a orelha de quem não quer colaborar para sí mesmo.
Abraços, Gilbert Raposo um aprendiz em Cristo Jesus.
Prezado Gilbert
Excelente a sua colocação. Também concordo com sua opinião a respeito da má educação da nossa gente que não mede as conseqüências ao jogar lixo em valas ou simplesmente lança-lo nas vias públicas. Isto só ratifica a necessidade de se promover uma educação ambiental mais eficiente e contínua, porem não somente as comunidades mais pobres e carentes, mas a sociedade como um todo. Afinal, a degradação da natureza não é exclusividade dos pobres. Também discordo da postura de alguns desabrigados que não querem colaborar com a limpeza ou na cozinha dos locais onde estão abrigados. Talvez lhes faltassem figuras de referência como a do Sr. Carlos Alexandre, diretor do Colégio Leopoldo Froes, que “colocou a mão na massa” como exemplo, sendo definitivamente, pedagógico em sua atitude. Porem, não dá pra aliviar a critica aqueles que dispõem dos recursos técnicos e financeiros, aqueles que detêm o saber e o poder, aqueles que desenvolvem políticas eleitoreiras ao invés de políticas públicas, aqueles que ao invés de baterem no peito e assumirem com toda a sociedade que suas mãos estão sujas de sangue, simplesmente se escusam classificando as tragédias ocorridas como de responsabilidade exclusiva dos fenômenos naturais, tais como terremotos e tsunamis. Concordo também quando diz que deveríamos votar melhor nas próximas eleições. É verdade. Porem se não fizer críticas que estimulem a reflexão e também a autocrítica, continuaremos sendo um povo submisso às políticas eleitoreiras e assistencialistas, perpetuando no poder aqueles que, há muito tempo deveriam ser afastados.
Um grande abraço.
Eu havia elaborado um comentário com a lógica de uma visão detalhada sobre o caso em questão. Todavia, após ler o comentário do Gilbert, resolvi apenas assinar em baixo.
Eu estive no morro do Bumba, onde vi uma situação deprimente. Cenas em que um bombeiro pega uma vida, e joga dentro de um saco de lixo.
Naquele momento fiquei me perguntando! Quanto vale uma vida?
esquecida pelas autoridades, vivendo em cima de bomba relógio onde a qualquer momento pode ser detonada. E nossos politicos oque fazem?
Ficam em suas casas esperando a poeira baixar, para depois dar cesta basica com santinho.
Me desculpe mais não isto que Deus deixou pra nós.
Concordo com todo texo, do pastor.
Nós não podemos nos calar diante esta situação.
Concordo plenamente com o senhor pastor, pena que esta visão se tem quem não está sentado nos gabinetes luxuosos.
Eu creio que eles não correm o risco de passar por esse tipo de problema.
Infelizmente não temos quem olhe por nós na Prefeitura, na Câmara e etc..
Que o Senhor Jesus tenha misericordia de nós.
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