terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Tapa Sexo - 4 Cm de Pudor?


Queridos leitores, acredito que todos nós tomamos conhecimento da grande polêmica do carnaval carioca levantada em torno da dúvida se a modelo Viviane Castro estava ou não usando um minúsculo adereço carnavalesco denominado “tapa sexo” ao desfilar na Marques de Sapucaí pela Escola de Samba São Clemente, que acabou sendo punida e rebaixada para o grupo de acesso.

A Escola de Samba da zona sul carioca foi punida em sua pontuação porque os jurados alegaram que o modelo goiana havia desfilado sem o referido adereço ou o mesmo descolara durante o percurso do Sambódromo carioca.

Ao ser entrevistada a modelo afirmou que em nenhum momento esteve sem o ornamento durante o desfile e que, inclusive, teve que ficar dentro de uma banheira com água morna durante pelo menos quarenta minutos para que a minúscula peça de apenas quatro cm de espessura se descolasse após o desfile.

O que me deixou intrigado nessa história foi a polêmica criada em torno da dúvida se ela estava ou não totalmente pelada. Algumas pessoas foram entrevistadas sobre o assunto e as opiniões ficaram muito divididas. Muitos acharam um grande absurdo e uma grande ofensa a moral o fato de a modelo ter desfilado com a genitália desnuda. Se ela estava de fato usando o adereço, parece que não fez diferença alguma.

Sinceramente, você acha que quatro cm de espessura fariam alguma diferença? Parece que a sociedade perde totalmente a noção de pudor durante os dias de reinado de momo. As próprias propagandas veiculadas na TV sobre o uso de camisinhas durante o período de carnaval refletem essa realidade. Aliás, assistir televisão com a família durante esse período é definitivamente desaconselhável.

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa pudor é sentimento de vergonha, de mal-estar, gerado pelo que pode ferir a decência, a honestidade ou a modéstia. Parece que cada ano que passa a sociedade vai estreitando cada vez mais a noção, o bom senso, a fronteira entre o que é moral e imoral, entre o que agride ou fere o padrão da decência e do bom costume. No caso do modelo goiana, quatro cm a colocaram entre o céu e o inferno.

Será que nós também não temos nos enganado com esse mesmo princípio do tapa sexo em outras esferas da vida? Será que no nosso dia a dia não estamos preocupados com a formiguinha enquanto um elefante passa despercebido? Não seria essa a atitude de muitos dos nossos ilustres parlamentares que querem atrair nossos olhos para gastos dos cartões corporativos do governo enquanto cifras muito maiores são desviadas dos cofres públicos?

Ou não será, também, que muitas vezes a religiosidade que expressamos não é uma tentativa de encobrir nossas “vergonhas” (nossas falhas e pecados) nos iludindo quanto a uma espiritualidade sadia e autêntica para com Deus? Será que não se tem usado folhas de figueiras como vestimentas tal como fizeram Adão e Eva no Jardim do Édem, após terem comido do fruto proibido, na tentativa de encobrirem sua nudez?

O Senhor Jesus disse que “se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt. 5:20)

A nossa justiça não passa de quatro cm! Ela é insuficiente para cobrir a nossa nudez diante de Deus. Ainda que ela produza uma momentânea sensação de alívio a nossa consciência diante de Deus, sempre permanecerá a incerteza e a dúvida. Há muita gente que tem se iludido com quatro cm de religiosidade e tem perdido o senso de pudor diante de Deus. Perderam a noção de pecado pelo relativismo dessa geração e já não conseguem discernir que estão a ponto de serem vomitadas da boca do senhor. (Ap. 3:16)

Que Senhor tenha misericórdia do seu povo!

No amor do Pai,

Cláudio Alvares

3 comentários:

renato vargens disse...

mais uma excelente reflexão.

Anônimo disse...

Muito bom... Excelente mesmo! Um dos melhores textos que você escreveu...
Deus o abençoe.
Jailson Freire

Unknown disse...

Excelente.
Continue escrevendo; textos assim
nos faz refletir melhor...