A tragédia ocorrida no morro do Bumba, na cidade de Niterói, trouxe à tona o modo como boa parte população menos favorecida vem sendo tratada no Brasil ao longo de anos. O morro do Bumba expõe ao mundo pelo menos duas realidades que não se podem esconder debaixo da terra:
A primeira, é que gente pobre é tratada como lixo não reciclável enterrado nas periferias das cidades, como escória da sociedade, aterrada sob os escombros da indiferença e da negligência da administração pública, encerrada na imobilidade social, a margem de uma vida digna e respeitável.
Ao comentar minha postagem anterior, um internauta afirma haver presenciado uma cena deprimente quando acompanhava aos resgates das vítimas dessa tragédia no morro do Bumba. Ele viu um bombeiro retirar o corpo de uma pessoa sob os escombros e o mesmo ser jogado dentro de um saco de lixo. Acho que essa imagem retrata bem esta inexorável realidade.
A segunda, é que o morro do Bumba, como tantas outras áreas carentes do nosso país, deixa evidente o contraste social, o desequilíbrio da distribuição das riquezas desse país e a certeza de que ainda que o Brasil ostente uma das maiores cargas tributária do mundo, não há retorno suficiente de benefícios sociais para a maioria de sua gente.
O relatório sobre gastos dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, realizado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em 2009, mostra que apesar de ser a cidade número um em arrecadação de IPTU, Niterói, município da região metropolitana do Rio, onde ocorreu o maior número de mortes por causa das conseqüências das chuvas, investe muito pouco na conservação da cidade.
Segundo o relatório, Niterói é a cidade que mais arrecada o imposto por morador. Segundo o Portal de noticias G1.com, “A média entre as cidades fluminenses é de R$111,32 por habitante. Em Niterói, a média sobe para R$ 299,79, quase três vezes mais. No entanto, no quesito investimentos, Niterói aparece apenas em 80º lugar, com apenas R$ 11 milhões em investimentos em 2008, 41,1% a menos que em
Tais dados só ratificam o descaso e a negligência dos pseudopoliticos dessa nação, que ao invés de governarem para o povo, para a cidade, para os cidadãos da polis, mostram-se efetivamente despreparados ou mal-intencionados.