quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Alguns trechos extraídos do livro "Confiança em Tempo de Crise"

Confiança ou Passividade?

"Assim como para muita gente esperar e confiar na provisão do céu é muito difícil, também há muita gente que não sente nenhuma dificuldade. No entanto, o que deveria ser uma grande demonstração de fé, não passa de mera passividade. Tais pessoas ostentam orgulhosamente o status de ‘espirituais’ quando na verdade, simplesmente agem passivamente diante de desafios ou de situações que exigem uma postura mais ativa.

Deixa-me dar um exemplo prático: uma pessoa fica desempregada ou está insatisfeita com seu emprego atual, e ao invés de se atualizar quanto ao mercado de trabalho, buscar novas oportunidades, preparar e enviar currículos, fica aguardando o novo emprego “cair do céu”. Infelizmente, esta postura passiva é denominada por muitos de fé.

Tais pessoas não têm nenhuma dificuldade de esperar ou acreditar no extraordinário. Estão sempre na expectativa de que Deus faça por elas aquilo que elas mesmas podem, mas, não querem fazer.

Pessoas acomodadas tendem a fazer menos e a exigir mais. Já vi pessoas desempregadas recusarem ofertas de emprego, por considerarem o nível da oportunidade abaixo de suas expectativas. No entanto, nenhuma mobilização havia sido feita para uma oportunidade melhor. Exigem o máximo sem se quer fazer o mínimo necessário.

O extraordinário não ocorre na passividade. A passividade subentende uma possibilidade não efetivada; uma inércia diante de uma potencialidade. Nesse caso, a dependência de Deus é negativa. É uma dependência que anula, em si mesmo, recursos e habilidades concedidas pelo próprio Deus. Deixar de agir quando se pode agir é como semear em solo árido; é como aguardar o irrealizável; é como mendigar assentado num saco de ouro."

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Deus é Deus, nós... NADA!

Ao ouvir a exposição da Palavra de Deus na manhã de ontem, me deparei com esta simples, mas extraordinária realidade: Deus é Deus e nós, nada!

Deus é e continua sendo quem Ele é independentemente de quem nós somos ou de que forma nós o compreendamos.

A compreensão de quem é Deus pode adquirir os mais variados contornos de acordo com a formação, com a cultura e a história de cada um. No entanto, o ser de Deus não está subordinado ao que dele pensamos. Ele é quem é e não precisa de nós para ser. Por outro lado, nós não somos sem Ele.

A exposição da Palavra não somente aponta para um Deus que é quem é independente das elucubrações ou conjecturas elaboradas pelo pensamento humano, como também, aponta para uma realidade ontológica: somos miseráveis! Em outras palavras, a exposição bíblica ratifica o antagonismo latente entre as naturezas divina e humana. Porém, por mais paradoxal que pareça, a exposição bíblica, ainda que reforce o sentimento de inacessibilidade devido a nossa natural incompatibilidade com a santidade de Deus, também demonstra a aceitabilidade divina, não segundo os parâmetros humanos, felizmente! Mas, segundo a sua infinita graça, compatível com sua natureza.

Por fim, a exposição da Palavra de Deus exalta a Cristo e ao mesmo tempo nos abate e nos humilha, expondo nossas fraquezas, delitos e pecados. À luz das Escrituras somos desmascarados em nossa ilusão de pensarmos ser quem realmente não somos; vemos a Deus como Ele é e começamos a nos enxergar e a entender que Deus é Deus e nós, absolutamente nada!

No amor do Pai,

Claudio Alvares

segunda-feira, 30 de maio de 2011

FÉ SEM REFLEXÃO, CHANCE DE MANIPULAÇÃO

O tema central do capitulo 11 de Hebreus é fé. Sabemos disso. Nesse capítulo, não somente temos a clássica definição de fé: “certeza de coisas que se esperam; convicção de fatos que se não vêem”; Nesse capítulo vemos como a fé, ora definida, foi traduzida em experiência na vida de muitos. O autor nos apresenta inúmeros exemplos de seres humanos que através da fé obtiveram bom testemunho e se tornaram verdadeiros exemplos para as gerações subseqüentes.

Obter bom testemunho significa que a fé transpôs os limites do campo filosófico e conceitual, redundando em verdadeiras experiências de vida. A expressão “pela fé” ocorre mais de vinte vezes nesse capítulo. No entanto, o que marcou a vida dos antigos levando-os a se tornarem verdadeiros heróis da fé, definitivamente, não foi uma fé que se baseava em mera intuição ou instinto. Embora Deus nos tenha dotado de consciência intuitiva, nos dotou também de capacidade reflexiva.

A fé, portanto, não se trata de uma atitude ou uma ação irracional; não se trata de uma certeza sem fundamento, nem tão pouco, de uma convicção meramente intuitiva. O versículo três afirma que “pela fé entendemos que o universo foi criado pela palavra de Deus e que aquilo que não pode ser visto foi feito daquilo que não se vê”. Além de apontar a supremacia e a preexistência do Deus invisível e real, demonstra também que a fé não é simplesmente uma evidência da nossa consciência intuitiva, mas também da nossa capacidade de refletir. A fé do ponto de vista bíblico não despreza o pensamento, a razão, a reflexão. Pela fé entendemos, exercemos as faculdades intelectuais.

Vale lembrar que a fé sem reflexão, muitas vezes é instrumento de manipulação. Acredito que seja importante também pensarmos se não é a fé nessa perspectiva que tem predominado nos arraiais evangélicos do nosso país. O que você acha disso?

No amor do PAI,

Claudio Alvares.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Gente tratada como lixo

A tragédia ocorrida no morro do Bumba, na cidade de Niterói, trouxe à tona o modo como boa parte população menos favorecida vem sendo tratada no Brasil ao longo de anos. O morro do Bumba expõe ao mundo pelo menos duas realidades que não se podem esconder debaixo da terra:

A primeira, é que gente pobre é tratada como lixo não reciclável enterrado nas periferias das cidades, como escória da sociedade, aterrada sob os escombros da indiferença e da negligência da administração pública, encerrada na imobilidade social, a margem de uma vida digna e respeitável.

Ao comentar minha postagem anterior, um internauta afirma haver presenciado uma cena deprimente quando acompanhava aos resgates das vítimas dessa tragédia no morro do Bumba. Ele viu um bombeiro retirar o corpo de uma pessoa sob os escombros e o mesmo ser jogado dentro de um saco de lixo. Acho que essa imagem retrata bem esta inexorável realidade.

A segunda, é que o morro do Bumba, como tantas outras áreas carentes do nosso país, deixa evidente o contraste social, o desequilíbrio da distribuição das riquezas desse país e a certeza de que ainda que o Brasil ostente uma das maiores cargas tributária do mundo, não há retorno suficiente de benefícios sociais para a maioria de sua gente.

O relatório sobre gastos dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, realizado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em 2009, mostra que apesar de ser a cidade número um em arrecadação de IPTU, Niterói, município da região metropolitana do Rio, onde ocorreu o maior número de mortes por causa das conseqüências das chuvas, investe muito pouco na conservação da cidade.

Segundo o relatório, Niterói é a cidade que mais arrecada o imposto por morador. Segundo o Portal de noticias G1.com, “A média entre as cidades fluminenses é de R$111,32 por habitante. Em Niterói, a média sobe para R$ 299,79, quase três vezes mais. No entanto, no quesito investimentos, Niterói aparece apenas em 80º lugar, com apenas R$ 11 milhões em investimentos em 2008, 41,1% a menos que em 2004.”

Tais dados só ratificam o descaso e a negligência dos pseudopoliticos dessa nação, que ao invés de governarem para o povo, para a cidade, para os cidadãos da polis, mostram-se efetivamente despreparados ou mal-intencionados.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma cidade que semeia lixo colhe chorume e lágrimas

Niterói está com uma ferida aberta que exala o mau cheiro de um tumor maligno que se desenvolveu silenciosamente durante anos de negligencia e indiferença. O rótulo de ser a quarta cidade brasileira em qualidade de vida vinha encobrindo e mascarando uma dramática realidade que hoje a todos nós tem assolado.

Niterói é hoje uma terra que está sangrando chorume. Uma terra rasgada de dentro pra fora.

Sob o solo do Bumba, uma bomba relógio detonada sem hora marcada, explodindo sonhos de vidas marcadas pela vida, apagando histórias, revolvendo a terra numa avalanche de dor, sofrimento e morte. Pânico, gritos e prantos irrompem-se no meio da noite e logo se interrompem dando lugar ao silêncio, ao vazio, ao espanto.

É verdade que há muito tempo não caía tanta chuva assim, porem atribuir aos fenômenos naturais, exclusiva responsabilidade pelas tragédias ocorridas em quase toda região metropolitana do Rio de Janeiro é mero artifício de políticos que maquiam as cidades com obras faraônicas, que constroem “caminhos” para a burguesia e pavimentam estradas que levam a morte uma população carente e sofrida. Políticos que assentados em seus gabinetes reais, se anestesiam a dor do mais pobre, fazem-se surdos e indiferentes ao clamor que ecoa da periferia.

A tragédia ocorrida no morro do Bumba, na cidade de Niterói, deixa exposta não somente uma ferida social, mas traz à tona a forma como a população menos favorecida vem sendo tratada ao longo de anos pelos maus políticos desse país: Como escória da sociedade, como lixo não reciclável enterrados nas periferias das cidades, encerrados na imobilidade social, a margem da dignidade.

O morro do Bumba, como tantas outras áreas carentes do nosso Estado, deixa evidente o contraste social, o desequilíbrio da distribuição das riquezas desse país e a certeza de que ainda que o Brasil ostente uma das maiores cargas tributária do mundo, não há retorno suficiente de benefícios sociais para a maioria de sua gente.

O morro do Bumba expõe ao mundo uma realidade que não se pode esconder debaixo da terra: gente tratada como lixo, aterradas sob os escombros da indignidade; gente que tragicamente foi plantada como semente de esperança para que no amanhã possa florescer a JUSTIÇA.