terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

CÂNCER NA IGREJA BRASILEIRA



Um pastor amigo meu afirmou que o neo-pentecostalismo tem sido um câncer para o corpo de Cristo em nosso país. Infelizmente, diante dos argumentos apresentados por ele, tive que concordar. A quantidade de “apóstolos” que surgem em todo país postulando “novas revelações” é impressionante. Doutrinas espúrias têm sido pregadas, promovendo de forma explícita as mais estranhas e absurdas aberrações comportamentais por parte da igreja.

Infelizmente, o corpo de Cristo tem sido descaracterizado por argumentos e filosofias essencialmente malignas. Os princípios que norteiam a fé e o comportamento não encontram sustentação ou respaldo nas Escrituras Sagradas. São na maioria das vezes fundamentados na experiência e ou nos sentimentos humanos.

O que é pior é fato do câncer ser uma doença silenciosa. Geralmente o tumor se desenvolve no corpo sem que se perceba. Assim também, o povo do Senhor está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento (Os 4:6). Em geral, por isso, o povo do Senhor tem sido incapaz de diagnosticar a presença de tumores malignos em seus organismos, em suas estruturas, em seu arcabouço teológico, cujos sintomas se manifestam em suas liturgias cada vez mais caracterizadas por sincretismos, heresias, apelos humanistas e hedonismo.


O QUE É O CÂNCER?

“Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo Espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas.” (INCA)

Pensando em termos do crescimento de muitos segmentos ditos evangélicos em nosso país, fico um tanto preocupado quanto ao preparo pessoal e teológico dos seus ministros e líderes. Isto porque, a cada dia, tomo conhecimento de uma “nova unção”, de um novo modismo, de uma nova prática litúrgica completamente estranha ao cristianismo bíblico. Tudo isso, ao meu ver, tem proporcionado um crescimento quantitativo, porém, não qualitativo desses seguimentos. E o pior, é que o povo gosta! Por isso, a metástese desse tumor maligno é quase que inevitável.

COMO SURGE O CÂNCER?

De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), “toda a informação genética encontra-se inscrita nos genes, numa 'memória química' - o ácido desoxirribonucleico (DNA). É através do DNA que os cromossomas passam as informações para o funcionamento da célula. Uma célula normal pode sofrer alterações no DNA dos genes. É o que chamamos mutação genética. As células cujo material genético foi alterado passam a receber instruções erradas para as suas atividades. Essas células diferentes são denominadas cancerosas”.

Como corpo de Cristo, temos também o seu DNA cujos cromossomas divino passam informações para o funcionamento das células do corpo. Da mesma forma, heresias nocivas tem promovido mutações genéticas fazendo com estas células recebam instruções erradas para as suas atividades.

O QUE CAUSA O CÂNCER?

“As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas”. (INCA)

Não podemos ser ingênuos quanto a nossa natureza essencialmente pecaminosa. Existe um princípio ativo inerente a cada ser humano que o inclina para o mal. É o que o apóstolo Paulo denominou de concupiscência da carne. Essa forte tendência a violar os princípios divinos coloca o homem sob um estado de depravação total que, inter-relacionadas com ensinos antibíblicos, doutrinas heréticas e filosofias seculares anticristãs, tem exposto o corpo de Cristo ao desenvolvimento de muitas células cancerígenas.

Cabe-nos fazer a seguinte pergunta: Será que a igreja, em seus diversos segmentos, tem se desenvolvido e crescido naquele que é a cabeça, Cristo? (Ef 4:15) Ou será que a mente que a tem regido não é a de Cristo? Esta minha questão não tem como objetivo refutar a idéia de que o Senhor governa sobre tudo, nem tão pouco preconizar um Cristo sem trono. Muito pelo contrário. Cristo está assentado no trono da história e é Ele quem governa sobre tudo. No entanto, em meio a tantas teologias nocivas ao corpo de Cristo, cabe-nos refletir sobre as diretrizes e doutrinas que têm prevalecido atualmente em muitos segmentos ditos evangélicos.

No amor do Pai

Claudio Alvares

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Quanto Custa uma Vida?



Hoje pela manhã assisti uma cena num telejornal que me deixou perplexo. Um homem parou seu carro na Rodovia Castelo Branco, uma das mais movimentadas de São Paulo, contornou e seguiu em alta velocidade por quatro quilômetros pela contra-mão até bater violentamente de frente em um caminhão. O carro ficou completamente destruído e o motorista conseguiu, ao meu ver, atingir o seu objetivo de por fim a própria vida.

Diante dessa tragédia, a primeira coisa que veio a minha mente foi o seguinte questionamento: “Quanto custa uma vida?” Em seguida fiquei indagando comigo mesmo, quais seriam os motivos que haviam levado esse homem a cometer um ato tão terrível e dramático.

Você já parou para pensar no número de pessoas cuja vida perdeu completamente o sentido? Pessoas tão desesperadas e angustiadas que não conseguem enxergar além dos seus problemas. Gente que respira o odor desagradável da morte porque a vida perdeu inteiramente o seu doce sabor, tornando-se amarga e indigesta.

Quantos não são os que estão a nossa volta e, sem que a gente dê conta, estão caminhando a passos largos em direção à morte?

Quanto vale uma vida? Está é uma pergunta que precisa ser feita num tempo onde se discute a legalização do aborto, onde jovens estão morrendo de overdose ou pelo consumo abusivo de drogas sintéticas nas baladas da vida, numa geração onde os valores são essencialmente consumistas em detrimento do individuo, da pessoa, do ser humano.

Vivemos muitas vezes uma religiosidade mórbida, uma pseudo-espiritualidade, pois agimos em muitos momentos como os fariseus, quando valorizamos mais o status quo e ignoramos a vida humana. Estamos muitas vezes mais preocupados em defender e garantir nossos próprios interesses nos escondendo atrás das nossas liturgias e tradições religiosas, que não entendemos o que significa “Misericórdia quero e não holocaustos”. (Mt. 12:7b).

Foi isso que Jesus disse aos fariseus quando estes censuraram os seus discípulos por colherem espigas para se alimentarem em dia de sábado. Em outro momento, quando Jesus estava na sinagoga dos fariseus, estes, com o intuito de acusá-lo perguntaram-lhe se era lícito curar no sábado. Jesus lhes respondeu fazendo outra pergunta: “Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha?”. (Mt. 12:11, 12).

O que Jesus mostra aos fariseus é que eles precisavam aprender a valorizar mais a vida humana do que os próprios bens materiais. Valorizar mais a pessoa que os seus interesses religiosos particulares e ou econômicos. Eles precisavam aprender a despender todo esforço necessário para resgatar o homem do seu estado de cova existencial, afinal seu valor foi estimado no sangue de Cristo, derramado no Calvário.

Será que estamos nos tornando insensíveis às tragédias do nosso cotidiano. Será que estamos nos acostumando a elas? Será que estamos conscientes do preço que foi pago pela nossa salvação? Quanto custa uma vida?

No amor do Pai

Cláudio Alvares

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Tapa Sexo - 4 Cm de Pudor?


Queridos leitores, acredito que todos nós tomamos conhecimento da grande polêmica do carnaval carioca levantada em torno da dúvida se a modelo Viviane Castro estava ou não usando um minúsculo adereço carnavalesco denominado “tapa sexo” ao desfilar na Marques de Sapucaí pela Escola de Samba São Clemente, que acabou sendo punida e rebaixada para o grupo de acesso.

A Escola de Samba da zona sul carioca foi punida em sua pontuação porque os jurados alegaram que o modelo goiana havia desfilado sem o referido adereço ou o mesmo descolara durante o percurso do Sambódromo carioca.

Ao ser entrevistada a modelo afirmou que em nenhum momento esteve sem o ornamento durante o desfile e que, inclusive, teve que ficar dentro de uma banheira com água morna durante pelo menos quarenta minutos para que a minúscula peça de apenas quatro cm de espessura se descolasse após o desfile.

O que me deixou intrigado nessa história foi a polêmica criada em torno da dúvida se ela estava ou não totalmente pelada. Algumas pessoas foram entrevistadas sobre o assunto e as opiniões ficaram muito divididas. Muitos acharam um grande absurdo e uma grande ofensa a moral o fato de a modelo ter desfilado com a genitália desnuda. Se ela estava de fato usando o adereço, parece que não fez diferença alguma.

Sinceramente, você acha que quatro cm de espessura fariam alguma diferença? Parece que a sociedade perde totalmente a noção de pudor durante os dias de reinado de momo. As próprias propagandas veiculadas na TV sobre o uso de camisinhas durante o período de carnaval refletem essa realidade. Aliás, assistir televisão com a família durante esse período é definitivamente desaconselhável.

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa pudor é sentimento de vergonha, de mal-estar, gerado pelo que pode ferir a decência, a honestidade ou a modéstia. Parece que cada ano que passa a sociedade vai estreitando cada vez mais a noção, o bom senso, a fronteira entre o que é moral e imoral, entre o que agride ou fere o padrão da decência e do bom costume. No caso do modelo goiana, quatro cm a colocaram entre o céu e o inferno.

Será que nós também não temos nos enganado com esse mesmo princípio do tapa sexo em outras esferas da vida? Será que no nosso dia a dia não estamos preocupados com a formiguinha enquanto um elefante passa despercebido? Não seria essa a atitude de muitos dos nossos ilustres parlamentares que querem atrair nossos olhos para gastos dos cartões corporativos do governo enquanto cifras muito maiores são desviadas dos cofres públicos?

Ou não será, também, que muitas vezes a religiosidade que expressamos não é uma tentativa de encobrir nossas “vergonhas” (nossas falhas e pecados) nos iludindo quanto a uma espiritualidade sadia e autêntica para com Deus? Será que não se tem usado folhas de figueiras como vestimentas tal como fizeram Adão e Eva no Jardim do Édem, após terem comido do fruto proibido, na tentativa de encobrirem sua nudez?

O Senhor Jesus disse que “se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt. 5:20)

A nossa justiça não passa de quatro cm! Ela é insuficiente para cobrir a nossa nudez diante de Deus. Ainda que ela produza uma momentânea sensação de alívio a nossa consciência diante de Deus, sempre permanecerá a incerteza e a dúvida. Há muita gente que tem se iludido com quatro cm de religiosidade e tem perdido o senso de pudor diante de Deus. Perderam a noção de pecado pelo relativismo dessa geração e já não conseguem discernir que estão a ponto de serem vomitadas da boca do senhor. (Ap. 3:16)

Que Senhor tenha misericórdia do seu povo!

No amor do Pai,

Cláudio Alvares

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Comunidade Solitária

Essa nossa geração tem sido marcada pelo individualismo e pela solidão. Cada vez mais pessoas desenvolvem um estilo de vida solitário, não obstante vivam em grandes metrópoles e estejam cercadas por uma grande multidão.

Não sei se você, caro leitor, já percebeu a enorme contradição que caracteriza a maioria dos condomínios residenciais, sejam estes compostos de casas ou de apartamentos. Parece que esta busca, mais que justificável, por segurança e por melhor aproveitamento dos espaços urbanos tem isolado cada vez mais as pessoas.

O primeiro fator que aponta para esse isolamento social é o próprio nome: “Condomínio Fechado”. Aliás, as pessoas têm se tornado cada vez mais fechadas em seus próprios mundos vivendo um “Big Brother” permanente, vigiando e sendo vigiadas vinte e quatro horas por dia pelas lentes incansáveis das câmeras de segurança.

Hoje em dia é muito raro você ver famílias sentadas na varanda ou na calçada de suas casas, com suas portas e janelas abertas proseando nas noites quentes de verão. É claro que em tempos de violência e de insegurança esta realidade tem se tornado cada vez mais escassa. O que é uma pena!

As pessoas estão dentro do mesmo muro, porém trancadas em seus próprios terrenos ou apartamentos. Quantas vezes no ano que passou você cruzou com seu vizinho e trocou com ele mais do que aquelas palavras, quase que obrigatórias, como “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”? As pessoas, normalmente, chegam e saem em seus automóveis (alguns deles blindados) com suas janelas fechadas e revestidas por películas que ocultam o interior do veículo.

Aliás, parece que as pessoas, hoje em dia, estão vivendo com essas películas usadas nos vidros dos automóveis. O máximo que se consegue enxergar do seu interior é o mínimo que se é permitido conhecer. O interessante é que esta realidade tem refletido muito no comportamento das pessoas, que cada vez menos se envolvem em relacionamentos profundos. A “ficação” é um evidente sintoma desta realidade.

As pessoas estão buscando intimidade, mas sem envolvimento. A contabilidade dos “ficantes” (número de bocas beijadas, não de pessoas) nas baladas da vida aponta para esta necessidade universal da humanidade. Afinal, “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18).

Numa era de avanços incríveis das tecnologias de comunicação com celulares de terceira geração, notebooks e Internet as relações são cada vez menos presenciais e cada vez mais virtuais. Os chats ou salas de bate-papos virtuais são amplamente utilizados e os encontros pessoais, conseqüentemente, desprezados.

O homem está cada vez mais só, imerso numa multidão de solitários. Acredito que esta solidão existencial, além de ser reflexo do isolamento social, característico da pós-modernidade, é fundamentalmente também, resultado de um estado de alienação do homem em relação ao seu Criador. Segundo John Stott, o ser humano possui três aspirações fundamentais, que são: busca por transcendência, que aponta para a tentativa de encontrar a Deus; a busca por significado, que é a tentativa de encontrar a si mesmo; e a busca por comunhão ou comunidade, que é a tentativa de encontrar o próximo.

A realização dessa tríplice busca é o que pode tornar a vida mais plena e realizada. A partir de um relacionamento profundo com o Pai nós encontramos sentido pra nossa própria existência e entendemos que a mesma não pode ser desenvolvida isoladamente. A espiritualidade cristã não se desenvolve unilateralmente. O cristianismo bíblico se desenvolve em comunidade. Você faz parte de uma? Uma das características principais da comunidade cristã primitiva era que ela perseverava na comunhão. (Atos 2:42)

E você, tem perseverado em relacionamentos profundos? Tem lutado contra o individualismo dessa geração? Tem derrubado os muros da indiferença e do isolamento pessoal do seu coração? Tem destrancado as portas da sua alma e aberto as janelas para novos relacionamentos fraternos?
No amor do Pai,
Claudio Alvares